quinta-feira, 13 de maio de 2010


Tão vazia quanto um saco flutuante com o vento a dançar pelas calçadas...

Não fui fazer a catarse como de costume.
Não fui ler Pessoa pra me confortar.
Não tomei chá pra dormir, nem calmante pra apagar.

Há dias estou presa em mim
e não me faço comunicar.
Há dias eu conto o fim da espera
numa carreira de palitos de fósforos.
Ah, dias... há dias sem se meter nos prazeres da noite.
Sem me meterem ô puto! Ah...Há dias...

Desaprendi de me fazer de interessante.
Desaprendi de sonhar de barriga cheia.
Desaprendi para aprender de novo...
a Cecília Meireles diz bem isso,
claro que não com essas palavras!

Como em uma cadeia alimentar
e sofro com a possibidade de ser devorada.
Foda-se! Se eu gritar de voz abafada ao travesseiro.
Não dizem que é bom consultá-lo às vezes?

Já fiz castelo de areia e o mar derrubou.
Um mar absoluto e cheio de si.
Não fui possuída pela força traiçoeira das ondas.
Mas desejei que elas repuxassem minha carne...
até me sentir estar viva.

Não fui sempre aquela que ganhou
todas as apostas do mundo
nem todas as rifas. Também não sou a primeira da fila a passar...
Sou aquela que come pelas beiradas, igual se come mingau.
Filha de uma mãe que sai pra trabalhar e assume a dupla jornada.

Com o tempo, a gente aceita: o não, o talvez e o quem sabe
Pra poder ouvir ainda: o sim, o exato, o perfeito.
Desaprendi para aprender de novo.