sexta-feira, 19 de março de 2010

Inimigo inconveniente da alma


Em um mundo distante...sentado, braços apoiados entre as pernas, fazendo a breve viagem infinita. Não é preciso maconha, nem chá de cogumelo, nem cocaína. Nem a bebida mais forte que corta a garganta para enrubescer os lábios.
A viagem, é o encontro do eu com o eu...e não é preciso entender. É regresso, é presente, é o esperar...E não é nada transcendental. Nem é meditação, nem papo esotérico, tampouco espiritual.
A viagem é minha. Eu não tenho religião, mas converso com Deus. Faço orações, leio o livro sagrado, apesar de não conseguir seguí-lo nem 70% rs. Sem culpas! Também, não estou orando nesse momento. O encontro não é com Deus, nem com meios de alucinações. Já disse, o encontro é comigo. Alguma vez já marcou esse tipo de encontro com o eu?
Certa vez relatei aqui que sai na porrada comigo mesmo e não houve comentários no blog. Dessa vez, não tem porrada! Ahn...o encontro que marquei comigo mesmo foi só para contar que cruzei com o meu maior inimigo.
Inevitavelmente, o 'sujo' me tocou no ombro para poder me cumprimentar. Sim, eu beijei a face do inimigo, quando na verdade, queria cuspir na sua cara, dar aquela escarrada bem nojenta! Era o que ele merecia. No entanto, os rigores da boa educação me bloquearam e fiquei sem me pronunciar enquanto o 'impostor' me seguia.
Eu apertava o passo ofegante e ele a emendar assuntos banais dissimulando verdades que não existiam. Monossilabicamente, eu respondia.
O 'perseguidor', tomou o meu caminho, subiu no elevador e parou no mesmo andar. Imaginei que poderia ter dito a ele: Não se envergonha de falar comigo? Vai para o inferno, cretino!
E se existisse chá de sumiço, eu o tomaria num gole só. Diante do 'inconveniente', eu queria abrir o chão e enterrar minha cabeça até que saísse de minha presença.
Antes de cruzar o corredor, ele acenou Até! Com uma risadinha no canto da boca. Adeus! Eu disse, aguardando que sumisse do outro lado do corredor.