quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Do tempo de Mamãe

Agulha de toca disco, álbum de foto papel, negativo. Banho de mangueira, balanço de árvore, trocar de bonecas, calçarem os sapatos, valsar aos 15 anos. Viagem de trem, passeio de fusca, biquíni de bolinha, bóia de pneu. Beber Coca-cola, juntar as tampinhas, guardar os cascos. Carnaval de pá João, Carnaval de palhacinho, acabou o confete, quarta-feira de cinzas.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

As vozes...

_Querer-te assim? é ...indecisão, é dura caminhada de pés descalços... (uma voz). Apelos de uma alma em ardor, dum abrasamento diante do que reluz.
Sei que não me faço compreender, vejo de perto minha angustia, minha náusea ao teimar em dizer uns instantes o que quero escrever... (essa sou eu ) . Ouço as vozes da consciência elas berram,cochicham...
Dos mundos que me cercam, grandes apelos murmuram...eu ouço as vozes, tento decifrar. As vozes? Bem, talvez entenda, deve ouvi-las também. Tem dias que elas brigam umas com as outras e estou no meio delas.
As vozes, as vozes são minhas se me passarem pelos lábios e por vezes emitirem esses
sons...tenho meu tempo interno em educá-las ou somente aguardar em breve meditações...Mas as vozes, elas às vezes não são de nada, se eu lhe dou ouvidos, caio na tentação em dizer o que não deveria.
Danem-se então essas vozes caducas presas à memória!
_ Vai, vai a festa hoje, coloque o melhor vestido. E não deixe de se maquiar, apague esse rosto angelical! (outra voz)
_ Não. E a prova que irá fazer? Precisa estudar! Volte agora mesmo para casa, não dê mais um passo! ( e mais uma voz).
_ Está perdendo a vida! Quer ficar sem saber o que é encontrá-lo de novo? (outra voz).
Me vejo nessa situação, (essa sou eu). Sem poder com essas vozes. Vão todas para o inferno! E me deixe em paz!
Se as ordeno que parem, eu fico sem saber como vou pensar...
As vozes mais difíceis de coordenar e de dá ouvidos, são as impreguinadas de emoção. Estas não querem sair e serem pronunciadas, pois o momento é de tal importância, que elas se perdem. Esses tipos de vozes me pregam cada peça...ordenam de imediato o que devo fazer...e o que devo falar e acabo obedecendo, mesmo que ainda venha me machucar (e essa sou eu) por culpa do coração.
Vozes que são minhas, vozes que não são...eu julgo as suas investidas, tomo posição com elas e diante delas. O melhor a fazer, é sentir essas vibrações que querem a todo custo percorrer a laringe. Assim ei de compor meu riso, meu canto, meu choro. Ei também de me enfurecer, ei de amar e desamar.
Ei de guardá-las, ei de dizê-las inevitavelmente, umas palavras...

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Segredo

Digas em tom frêmito
soando uma nota só, um segredo.
Um segredo ao pé do ouvido
que revele o mais íntimo
sussurro cálido...

Adormece os meus sentidos,
arrasta esse rosto na minha pele...
Roça essa barba cerrada até o umbigo,
até que eu suspire e exale o seu cheiro.
Vês que sou escrava dos teus desejos.

Sinto contra o peito
o palpitar acelerado
que soa trêmulo em ti.

Réu confesso
guardas este segredo
velado em sua boca
e juras o amor que não sentes.
Pois em ti abrigas somente
um desejo que move.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Amor moribundo

Cárcere soturno.
Leito recoberto de flores.
Gestos obsessivos.
Fragmentos polidos.
Um peito contrito
Da dor da partida
Da dor não contida.
Num pousar simplório,
a mão acolhida pela máquina de escrever,
é um subterfúgio plausível
que me cabe.
Fazer-te memorável em retrato
fundo preto,
traçado este olhar tácito,
um amor moribundo
quis eu sepultar.