sexta-feira, 17 de dezembro de 2010


A Descoberta

Perdi-me, nos encontros das palavras
e na arte de poetizar.

Quando eu era menina, achava que
poderia viver da poesia.
Agora vejo que a poesia
é quem vive em torno de mim.

Cresci.
Casei com o tal português,
e como todo casal
que se preze,
brigamos e fazemos
as pazes.

A literatura, nada inocente,
se tornou meu amante.
Deleito-me entre as páginas de versos
Saio à procura do prazer
de ouvi-los e escrevê-los
pelos sarais da noite.
Perdi-me...
Perdi-me, nos encontros das palavras
e na arte de poetizar.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

APELO!

Senhores leitores! Sei que todos optam por uma leitura rápida nos blogs e acabam por somente ler as poesias ou prosas mais curtas.  Contudo, peço a participação em meu conto "Corpo em chamas", pois este  depende incondicionalmente da participação dos leitores. Sei que andei atarefada por alguns meses, mas a escrita não aferreceu, senhores! Trabalhei por horas a fio neste conto e necessito integramente da participação dos senhores! Se acaso fizeres uma leitura, perceberás o quanto estimo a participação nas postagens. Quando houver um tempo, leiam e façam seus comentários.

Atenciosamente,

Andréa de Azevedo

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010


... O que se escreve não tem fundamento.
Nem tem perna, nem cabeça...
e pra quê ter perna e cabeça se tem poesia?
Pressenti...
Se há poesia, então vamos inalar a palavra
e depender do seu sopro de vida.
Meu retalho é sempre remendo
mas eu quero andar despida e palavrear.
Minha escrita é reserva
é confissão e juramento
da lei que me criei. A lei: sentir.
Sou o cavalo que galopa sobre a relva
ao cair da noite; solitário e liberto.
Um dia me disseram
que...
eu tinha livros engavetados n'alma.
Não acreditei tanto assim,
mas os escrevi.
Tenho dito;e
 os ditados com tempo(...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010


O Tudo tem sido breve,
até o encanto da vida.
Um fazer de casa
Um fazer da rua
que se consomi.

Num piscar,
as rugas de canto de olho,
marcam a face.
O tempo devasta
flores que murcham
O tempo devasta
 frutas que apodrecem.

A árvore vira papel e se transforma
num verde já desbotado
bem como a sombra de galhos já decepados.

O passarinho gira pra lá e pra cá 
Seu canto se faz preso ao artefato de metal.

Já não se faz mais amigos como antigamente
Já não se faz mais amores como antigamente
O Antigamente passou e eu não o vi
mas acenei num vazio querendo me alcançar.

Planos? Estou montando uma planta deles...
Ainda os carrego na primeiridade dos sonhos.
Arte de construir os recomeços.

Todo mundo diz que...
um homem feliz tem que ter uma familia
tem que ter um emprego
tem que escrever um livro,
pra dar continuidade a uma história.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Tentando...


Tentando ser fiel comigo.
Tentando... em inúmeras tentativas
ser fiel com quem me é.
Tentando na vida
e sendo tentada.
Tento
Tento
Tento.
Tomo tento.
Tentando ficar com Deus
Tentando que ele fique comigo.
O mundo dando voltas e eu tentando sair do lugar...
Ligar e dar a partida.
Tento a primeira
Tento a segunda
Tento a ré
quero retornar à essência.
Teimamos
sem relutar tentamos
"eu ser".

domingo, 21 de novembro de 2010

Corpos em Chamas...

Quem conta, seu males espanta. No meu caso não canto, eu conto. Antes o conto não queria ser escrito, um adormecido.  Então, sinto em ter que começar a revelar de antemão, tudo sobre ela ...a mulher pálida.Sim. Ela, parecia um saco cheio de vento e se estourássemos com as mãos sairia um barulho abafado, substancial e puro. Uma mulher desmaquilada, sem viço, sem vícios. Carregava um sinal de nascença  no antebraço e o nome incomum: Meiridiana.
 Os amigos a chamavam de Meiri. Inexpressiva por muito calar, tinha uma mente fértil mas nem tão abobada para a realidade quanto parecia. Por incrível que pareça, era tão centrada em suas ocupações...
embora não enxergasse, um palmo diante do nariz por tamanha distração. Esquecia casacos, guarda-chuva, trocos com os motoristas de ônibus, trocava os pares das meias, largava os óculos em casa. É. Ela não tinha a graça de uma mulher, talvez porque ainda era menina num corpo que insistia em ser mulher. Sua sexualidade foi alvo de suspeita por um bom tempo...isto porque, ela deixou uma lacuna.
No primeiro dia em que saiu com a turma da faculdade, quis propor uma brincadeira, quis beijar todas as meninas da turma, distribuir selinhos pra todos os lados. Como algumas mais conservadoras não aderiram a brincadeira, sobrou para os rapazes que muito gostaram da ideia. É verdade. Ela manifestava essas vontades repentinas e o mais engraçado, é que ninguém  se preparava para suas ações tolas e impensadas... desbancava muita gente.  Para as pessoas que a observavam, ela era digna de riso, merecedora de um escárnio, de uma zombaria pelas roupas sem combinação. Alguns colares grandes, ela comprava na porta do cursinho e pensava sim estar na moda, com aquele baton rosa-boneca... Meiridiana. No fundo, as pessoas tinham muita pena dela.
Morava com um pai cego e nem todo mundo a conhecia tão bem, exceto Márcio. Um rapaz que a amiga da amiga apresentara. Um sujeito rude, sem  asseios, um militar que apesar da carcaça dura, tinha um grande coração. Se ele a amava? Ah... não sei responder... não dá pra medir essa forma de amor.
Meiri e Márcio saiam juntos nos finais de semana, pegavam sempre a sessão das 18 horas no cinema.O velho Chico, o pai cego de Meiri, gostava do rapaz. Quando não estava de serviço, Márcio ia ao apartamento de Meiri por muitas vezes para ajudar. Fazia todo tipo de conserto doméstico que antes não se resolvia: trocava as lâmpadas queimadas, desentupia as bocas do fogão, consertava tomadas, ventiladores... Mas quem dormia no apartamento de Meiri, não era Márcio e sim, a amiga da faculdade, a Carla. Como ela morava longe, Meiri  a convidou para ficar uns tempos por ali, até concluir o curso.
Meiri e Carla eram estudantes de Letras.Carla era amiga mais recente de Meiri. Se conheceram assim, na sala de aula. Quando Meiri resolveu salvá-la de fazer sozinha um trabalho de linguística, daí em diante, passaram a andar juntas. Carla passou a ser a voz de Meiri e, começou a lhe ensinar um pouco mais da vida. Pegavam a barca, todos os dias para atravessar a Baía de Guanabara e chegar à universidade. E se a barca era R$ 2,80, Carla tinha que ir  sentada. Senão ia reclamando “ Não, eu paguei R$ 2,80”, se sentia sede na rua, não bebia água. Dizia que água é coisa para se tomar em casa, pois não gastava dinheiro com água, na maioria das vezes comprava guaraná natural.
Carla não se preocupava com boa forma, ela tinha um corpo escultural e era genético isso. Saia em companhia de Meiri e os homens da rua mexiam com ela, exalava um ar de mulher fogosa que despertava a imaginação dos machos. Enquanto Meiri, só era chamada a  atenção pelos cadaços dos tênis desamarrados.


Uma noite dessas...


Meiri ficou na faculdade para pesquisar livros na biblioteca. Entregou à Carla as chaves  para ir adiantar o jantar. O velho Chico e seu gato de estimação, o Preto, aguardavam Meiri e Carla.
Carla chegou. Abriu a janela dos fundos da cozinha, cumprimentou:
_Boa noite, seu Chico. Meiri ainda está na faculdade, vim adiantar o jantar.
O cego se aproximou, guiado pelo gato e disse:
_Boa noite, filha. Espero que Meiri não demore porque Márcio já está chegando...enquanto isso...vou me deitar um pouco.
_Ta certo, seu Chico. Respondeu a moça.

Carla terminou de fazer o jantar, foi tomar banho. Em seguida, Márcio entra ao ver a porta da cozinha encostada. Senti o cheiro da comida, pensa ...Meiri está no banho e o Chico deitado.
Foi para o quarto e ficou aguardando... Cansado, tirou as botas e deitou na cama, cochilou...
Carla saiu do banho e viu, de luz apagada o corpo de Márcio espesso na cama de Meiri. Se aproximou, levou às mãos ao peito dele por debaixo da camiseta...ele despertou e viu a sombra de mulher se arrastando pelo seu corpo...e murmurou...Meiri? E ela respondeu-lhe ao pé do ouvido:
_Carla...
 O beijou. Ele tentou resistir,  segurando-a pelos braços disse:
_Como ousa?
Então, Carla, fez cair a toalha presa ao corpo e roçou entre as pernas do rapaz, deitada sobre ele. O instinto da pele o atraiu...Márcio se rendeu às provocações da moça, que arrancava-lhe o cinto e as calças...ele murmurava, quase que inconsciente...Vadia...Vadia.
Nesse instante, com a porta entreaberta, Preto passou... sentou no chão como se assistisse à cena. Carla e Márcio transavam no escuro. Entre o ranger da porta, o velho Chico se aproximava atrás do gato...o cego ouviu a voz de Márcio ofegante quando enfiava, dizendo: Quieta, geme baixo, sua vadia...
Chico parou no corredor. Pensou. Quem será que...
Com ímpeto, iria tocar a maçaneta da porta mas antes, lembrou-se...Meiri não está. É ela.
A campainha toca e é Meiri. Márcio correu pelos fundos e foi embora. Carla se vestiu e foi atender. Chico e o gato se recolheram para o quarto.
_Imagina que acabei demorando, Carla. Não encontrava os livros de sociolinguistica.
_Eu fiz o jantar, Meiri. Estava te esperando.
_Cadê, o pai? Pai!! e gato? Preto, venha cá!
_ Estão no quarto...
_Vou acordá-los. E Márcio? Sabe se ele ligou?
_ Não.
_ Ele disse que passaria aqui mais tarde...
***
Outra noite dessas...
 O velho Chico, pensava...por saber demais. Queria contar a filha e decidiu. Hoje conto tudinho a Meiri...
Fumou o cigarro de palha e o apertou  mal apagado no cinzeiro. Sentado na banqueta da cozinha, o telefone tocou e ele se levantou apressadamente pra atender. Preto, brincava com um pano sob a mesa.
_Alô. Oi, filha...Está tudo bem...Até que horas a aula? Hum...
Preto era gato travesso, se aproveitava da fragilidade do velho e fazia suas bagunças. Viu que seu dono, se distraia com a ligação e subiu na banqueta. Foi até a mesa para poder alcançar a panela e  as sobras do almoço. Destapando-a, quis se fartar de um pedaço de peixe. Esbarrou no cinzeiro, fez cair o cigarro mal apagado sobre o pano no chão.
_ Ta bom então, filha. Ah, antes que eu esqueça. Ao chegar, passe no meu quarto, precisamos conversar. Ahn? A ta. A ta. To entendendo...
***
Droga! Elevador enguiçado... Disse consigo mesmo Márcio. Tomou a direção das escadas.
Pensava alto...preciso contar a Meiri. Isso está me incomodando, não posso enganá-la... Mas como contar?Ahn...
Logo, atrás dele, vinha Carla.
_ Te vi pegar o caminho das escadas, vim te seguir.
_ Não enche, garota! Acha pouco o que fez?
_Fizemos, né. Aconteceu (risos). E foi bom...
_ Sai de perto! Vou contar tudo pra Meiri hoje...
_Vai? Vai dizer que ta arrependido? E parou na frente de Márcio que subia as escadas.
_ Sai da minha frente!
_ Sabe que...é excitante transar na escada. Balbuciou no ouvido do rapaz e continou a dizer; _ A qualquer hora alguém pode chegar...
_Sai senão...
_Senão o quê?
Márcio empurrou Carla. Ela caiu de lado entre os degraus, levantou a metade do corpo e puxou Márcio para sua direção. Segurando as alças da camisa, arrastou o rosto contra o dele e disse:
_Quero ver você resistir agora...E começou a tirar a roupa dele. Carla fazia sexo com os olhos...
Márcio perdeu o controle arrastou o corpo de Carla para perto da parede e...começou a possuí-la. Os dois pareciam animais lúbricos saciando seus desejos...Corpos em chamas.
Foi quando a luz do prédio caiu e Márcio atinou que algo de errado estava acontecendo.
***
Em pouco tempo...as chamas se alastraram na cozinha.
O velho Chico, desligou o telefone e saiu a procurar o bichano. Preto, venha cá! Ao se deslocar, Chico sentiu que ao redor dele tudo queimava e começou a gritar: Aí meu Deus, é fogo!
_Socorro!!
Os moradores não sabiam o que fazer... a luz do prédio havia caído e não tinham como enxergar direito.
Márcio e Carla se vestiram no escuro, perceberam vultos se aproximando com lanternas, correndo...
Alguns moradores que tentavam sair do prédio...corriam entre as escadas, e no desespero, ninguém sabia quem era quem... Só repetiam apavorados: _ Fogo! Está pegando fogo! Liguem para o bombeiro!
Márcio se lembrou do cego dentro do apartamento. Meu Deus, o velho Chico!
_Tenho que salvá-lo.
_ Vamos sair daqui, Márcio. Por mais que queira, não conseguirá alcançá-lo. É quarto andar.
_ Cala boca, garota! A culpa é sua...se você não me prendesse aqui...eu tinha chegado lá.
_ Você tá louco! Vamos embora, cof,cof...(começou a tossir). A fumaça invadia a escada e a visão, já ficava turva...
Imediatamente, Carla puxou Márcio fazendo-o seguir a lanterna do vizinho que descia apressadamente. Márcio gritava, desesperado: _ Meu Deus! Alguém preste socorro, alguém! Tem um cego lá preso no quarto andar. Já acionamos os bombeiros.  Vamos embora daqui, moço! Disse uma voz no corredor.
Márcio soltou a mão de Carla. E voltou por entre os degraus escuros tomando uma das lanternas das mãos do morador. Tentou subir correndo. O vizinho, gritou: Seu louco! Não vê que não conseguirá salvá-lo.
***
Meiri cruzava a esquina do prédio. A passagem estava interditada pela equipe de emergência. Os bombeiros subiam os andares... um a um verificando se havia pessoas no apartamento. Foi quando subiram no quarto andar e encontraram o corpo do velho Chico carbonizado junto a porta dos fundos. Viram também o gato no parapeito da janela e o salvaram.
_Me deixem passar! Eu preciso passar, meu pai está lá dentro! Ele é deficiente visual, deve estar com dificuldades de sair, pouco sai de casa e vive acamado. Por piedade.
_Lamento, moça. Vou deixar você passar mas não garanto que existam sobreviventes dentro do edifício.
Um dos bombeiros trouxe Preto nas mãos, com algumas queimaduras. E Meiri o reconheceu.
_Meu gato. Me dá ele. E o meu pai? Você entrou lá e o salvou? Cadê o meu pai?
_Senhorita se acalme. O seu pai foi encontrado, infelizmente ele não sobreviveu.
O bombeiro tentou acalmar o choro de Meiri e não conseguiu conter seu desespero. Descontrolada, a moça queria a todo custo entrar no apartamento. Os paramédicos a levaram para dentro da ambulância e lhe aplicaram um sedativo.
***
_Ei, rapaz. Levanta!Venha, eu vou te ajudar.
Márcio foi encontrado nas escadas pelos bombeiros. Um pedaço da pilastra tinha acertado em cheio sua cabeça. O que o fez ficar desmaiado por alguns minutos antes dos bombeiros prestarem socorro. O rapaz tinha engolido muita fumaça e por isso, ele foi levado pela ambulância.
Carla viu quando tiraram Márcio do edifício. Chamou um táxi, pediu para seguir a ambulância.
No hospital, sedada, Meiri estava deitada em um leito perto de Márcio e de outros acidentados.
Meiri abriu os olhos, e viu Márcio segurando suas mãos à beira da cama. O rapaz tinha uma faixa de gase enrolada na cabeça, por conta dos ferimentos e pontos que levou, por sorte esses ferimentos, eram superficiais descartando a possibilidade de traumatismo craniano. Márcio tinha um curativo sobre a região da testa, próxima ao supercílio, recebeu dez pontos perto do olho esquerdo mas não chegou a atingir a visão.
_Meiri, eu estou aqui. Sou eu, Márcio.
_Márcio...eu quero sair daqui. Preciso ver meu pai, tratar de enterrá-lo.
_ Calma. Eu pedi que Carla fosse até a capela. Ela não é da família e provavelmente não irá assinar os papéis. Mas não se preocupe, eu tenho uma importância no banco. Vamos a funerária.
_ Está em condições de resolver? Como se senti?
_ Destruída. Meu apartamento, minhas coisas...minha vida. O que farei? Pior que isso, é ficar sem meu pai... E saltaram lágrimas seguidamente de seus olhos.
_ Meiri, presta atenção. Eu vou...
_ Olha pra você, Márcio. Está machucado, você chegou a tentar subir no apartamento?
_ Eu na verdade...tentei. Ahn...eu tentei salvar seu pai. Sinto muito, eu tentei. Quando soube que o prédio estava em chamas, eu...subi pelas escadas e a fumaça me tonteou e eu subia, queria salvar o Chico. Nesse momento senti a pancada e desmaiei, não vi mais nada.Os bombeiros disseram que eu estava desmaiado na escada, ferido, uma pilastra derrubou na minha cabeça e escureceu tudo. Meiri! Eu queria salvar seu pai, eu sinto muito, não consegui... Disse o rapaz em prantos, mas contido. E assim, retomou a fala:
_Meiri, eu vou cuidar de você. Não se preocupe, eu prometo. Devo isso a seu pai, eu  não o salvei.
_ Para com isso...não se culpe. Foi uma tragédia, um infortúnio, uma fatalidade...Ah, meu Deus...papai não merecia isto...e iníciou um choro bem mais intenso.
_ Já disse, Meiri. Vou cuidar de você. Se acalme. Terá que ser forte. Carla passará a noite no funeral. Amanhã iremos até lá.
***
Passado uns meses, entrei pela Avenida das Flores. Vi o prédio reformado e o movimento de alguns moradores que retornavam...Meiri era um deles, tinha o apartamento no seguro. Já fazia tempo que eu não a via, desde o enterro de seu pai. Soube que após a tragédia, ela viveu  na casa de Márcio. 
Depois de tanto tempo, os dois retornavam ao edifício marcado de tantas recordações. Márcio estava pintando o apartamento, Meiri parecia estar se refazendo, tocando a vida com o apoio do rapaz. Ela ainda não havia retornado a faculdade e por isso, não encontrara com Carla. Perdeu o semestre.
Quando o apartamento ficou pronto, Meiri retornou. Ainda com poucos móveis, havia recebido o seguro e tinha a pensão de seu pai. Curioso é que, ela regressou e Preto reapareceu na porta do edifício. Meiri o reconheceu, colocou o bichano para dentro e deu comida. Depois de Preto, Carla também apareceu no apartamento. Foi visitá-la. Em momento de fragilidade, Meiri pediu a amiga que voltasse a morar com ela para não se sentir sozinha.
Márcio não esperava por isso. Quando retornou do serviço, viu que novamente Carla estava ali para tentá-lo. E assim, o conto continua...
Meiri, Márcio e Carla. Os três sob o mesmo teto e o Preto entre eles. Márcio amava Meiri e queria se casar ou pelo menos pensava que amava. De outro lado, Carla não descolava. Queria a todo custo o rapaz e o cegava de desejo....

Caro, leitor fadigada pelo final desse conto, andei por entre as linhas embora elas parecessem circulares.O destino dessas personagens, agora é seu se preferires. Chegastes ao final da leitura do conto, mas não dá história. Conte-me  a continuidade da trama... e opinem!
.......................................Aguardo o completar desta, em seus comentários.
Andréa de Azevedo.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

NOTA

Olá, queridos leitores e blogueiros que me acompanham.
Por conta de tantos imprevistos, não foi possível publicar neste blog nesses últimos meses.
Sei também que, estou devendo umas visitas aos blogs amigos. Aguardem, pois em breve estarei de volta com a publicação de meu novo conto "Corpos em chamas".
Estamos em processo de produção literária.
Conto com as visitas dos senhores nas próximas publicações.
Atenciosamente,

Andréa de Azevedo.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Olhos de gato



Aquele rapaz...
se eu soubesse me fazer de puta... seria tão fácil quanto. Acontece que não passei nem do primeiro estágio, isto é segredo. Como em outras situações, foi dentro do ônibus cheio que o avistei. Decerto que, vê-lo novamente, seria muita coincidência. Pensei nisto ao começar a observá-lo.
Lindo! Parecia um argentino. Camisa azul clara, jeans desbotado, mochila pendurada nos ombros. Ar de garoto. Cabelo de anjo meio desgrenhado, mediano. Barba por fazer e uns olhos! Olhos verdes ou azuis, tons meio confusos...olhos de gato.
As pessoas se espremiam na condução, e ele de pé, era um deles. Enquanto, eu estava sentada, debruçando o corpo no banco e a cabeça na janela.
Ele flertou comigo, durante horas...eu disfarçava, essa coisa de mulher que se faz de difícil...mas logo, me pegava presa em seus olhos, seduzida talvez.
Soltei os cabelos, joguei a franja pra traz, fiz charme... Até que nos prendemos de vez em olhares viciados, sem desvios. O homem sentado ao meu lado dormia. Assim, o rapaizito se chegou mais pra perto de mim sem nenhum receio. Sorrimos. Ele deu aquela piscadinha e uma risada de canto da boca.
O ônibus corria, e por isso, ele se equilibrava na minha frente. Teve que se segurar no banco, devido a uma freada brusca, inesperada. Então, pude notar a sua mão esquerda, um anel de prata, um sinal de cruz, escrito Jesus e mais acima, a aliança.
Quando me olhou novamente, apontei na minha mão esquerda o dedo, demonstrei minha insatisfação e balbuciei de perto:
_ Você é casado?
Ele fez com a cabeça que sim, como se lamentasse e disfarçando disse:
_Então? Nada a ver...
Balancei a cabeça e soletrei entre os dentes, baixando a voz:
_ SA-Fa-do.
Ele apontou para si e me indagou:
_Eu?
Puxa...fiquei envergonhada. Mas ao mesmo tempo, uma vontade doida de agarrá-lo pela mão e descer do ônibus. Levantei a cabeça e passei a fitá-lo por entre os vidros da janela, sua imagem refletida...ele percebeu e me correspondeu sorrindo. Foi quando o seu celular tocou. Tava na cara que era ela. Ele se justificava, dizendo estar preso no trânsito e não em meus olhos...Desligou e se despediu. Se apoiou ao banco por mais uma freada brusca. A mão esquerda em evidência. No dedo, o anel de prata, uma cruz cravada com o nome de Jesus... Mais acima, a aliança sobre meus olhos e todos os valores preciosos esquecidos.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010








Relicário do amor

carregas do lado esquerdo, um coração

e do lado direito,

a dor de todos os males.


Com ímpeto, se obriga

Com força, arrancas do peito

o cordão que unia a medalha,

lançando-a ao mar.


Lá do fundo, relicário é concha.

Retratos são sorrisos

imersos em águas passadas.


Do cais, a muralha empedrada

No porto, embarque e

desembarque da vida.


Ps: De nada me serve os sonetos.
É apenas uma vaidade colecionada.

sábado, 31 de julho de 2010


Eu queria sim, poder matar meus fantasmas um a um.

Mas, eles ressurgem das sombras, puxam meus pés

quando apago a luz e faço da minha alma o escuro.


Eu queria sim, não confundir aquele perfume

entre tantos outros.

Vinho sorvido em goles amargos

me apego naqueles olhos tristes de menino

sem poder enxergar o modo traiçoeiro

que se esconde lá no fundo.


Meu sonho era ser inatingível.

Vestir uma armadura pesada, pra se fazer de forte.

Criar escudos para me defender do desatino,

que por dever, devo eu enterrar.

Me arrasto pra perto de cada indício que te traz...

É como uma droga, uma dependência barata ...

te fazer como algo intocável.


Voltar a fita por muitas vezes naquele beijo ...

parar o tempo em intimidades profundas,

pra depois cair a ficha que nada disso te teve

a menor importância.

Tombo mais alto esse...

te vê acenando como se embarcasse numa viagem sem volta.


Porque eu era a saída e não a solução. A medida paliativa

da terceira pessoa.


Perder o que mais prezava...perdi.

Daqui segue um olhar distante e assiste ao

descompasso de seu caminho.

sábado, 24 de julho de 2010

Essa é pra refletir...

O que vou dizer, não é texto ficcional. Embora, meu leitor esteja tão acostumado com a minha produção artística voltada para as narrativas ficcionais e poesias.
Nesse momento, meu olhar é outro. Meu olhar é marcado.
Fazer a piada e rir. Fazer a piada e rirem de você parece ser inofensivo, até certo ponto. Pior é carregar a piada, ser a piada sem graça por tantos anos. Não estar livre dos comentários das pessoas (família, amigos e conhecidos), fingir que aceita e encarar tudo levando na esportiva, é a medida mais educada. O problema não é esse, o problema é que se passar para o lado da ofensa, terá graça para todo mundo, mas pra você não.
É fácil rir do gordo, do baixo, do mais alto, do negro, do traveco, do manco, do altista, do anão, do mutilado. Mas não é fácil ser todos eles numa sociedade que julga e humilha suas condições, suas características físicas. Volto a dizer, não é fácil vestir essa pele. Isso é dar uma topada, é ser o próprio judas malhado no poste, é ter a cara a tapa. É frustrante ouvir daqueles que você mais ama, um enxovalho, uma palavra torpe, sentir que sua auto estima vai lá no chão sem poder fazer nada pra consertar.Ah...muita gente diz tantas coisas sem pensar e nem imaginam o quanto ofendem, o quanto isso pesa.
Semancol não existe, claro, não estão no seu lugar. Atiram e não são feridos. Sei que ninguém pensa nisso, somente quando se é atingido. É como uma dor de dente. Se sente eventualmente, ela é uma dor profunda, porém, fingimos esquecê-la. Tem um preço caro, pra se livrar dela.
Eu não escrevi isso como uma moral, nem fazendo apelos pra que as coisas mudem. Foi um furtivo desabafo.
Enfim, essa é só pra refletir.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Se dizias eu te amo


era de coração na boca,


muito engolia vento de orgulho.




Vestido decotado

trazia umas pernas desnudas.


Pavio acesso

Rodava sua baiana

se fosse preciso.


Ah...se o corpo fervia

comê-la por vezes...de frente,

em pé e de quatro.


Corria nas veias

um sangue latino, erotizado.


Marcava desenhos na pele de amante

com unhas, com dentes

vestígios de boa cama.


Saciação.


E se ainda te lembras,

silencias.

Em luz apagada,

se queda nua:

a cama espaçada,

a sombra de corpo,

encolhida do escuro.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Amor de msn



A ele que diz me amar...




Fê: Amor de msn,quer tc?
Edu: Sou eu, o Edu de 5 anos atrás, da sala de bate papo UOl.
O tempo passou.O destino, ainda conspira.
Manda uma foto pra mim.
Fê: Aceita,aí!
Aceitar e Cancelar.
Carregando...

Fê: Mandei.
Edu: É linda, a minha carioca.

Fê está digitando...

Fê: Amor de msn, Rio de Janeiro em destino a São Paulo...Eu tenho minhas praias e o Cristo entre as nuvens, enquanto não passas de um homem urbano que só pensa em trabalhar.

Edu: Hum... (ele pensa... : mulher sempre tc d+, pq fala d+ rsrsrs...)
Aff...básico.

Fê está digitando...
(isso sempre aparece no messenger quando a mensagem demora a ser entregue)

Fê: Eu atravesso a ponte Rio Niterói, e a sua Avenida, é a Paulista.
Amor de msn, vamor dar um tempo. Esse mês, to avisando,
fico sem Net.

Edu está digitando...

Edu: Amor sem msn, São Paulo em destino ao Rio de Janeiro, via telefone. Assim, não deixo scrap no orkut. Vou passar muitos torpedos, pra vc naum me esquecer!

Fê: Vc diz q vem?
Edu: Eu vou, é só uma questão de tempo...
Eu voo.

quinta-feira, 3 de junho de 2010



"Vão-se os anéis, ficam-se os dedos".
Vão-se os amores, ficam-se os textos...



Junhos apagados...
Coadunam-se ditados
à anotações de uma agenda menina.


Vão-se os amores, ficam-se os textos.
Vão-se vãs palavras
Fica a nota rodapé
presa ao peito

_________________________________
*Ser feliz ao largo do sonho, amar outra vez.

quinta-feira, 13 de maio de 2010


Tão vazia quanto um saco flutuante com o vento a dançar pelas calçadas...

Não fui fazer a catarse como de costume.
Não fui ler Pessoa pra me confortar.
Não tomei chá pra dormir, nem calmante pra apagar.

Há dias estou presa em mim
e não me faço comunicar.
Há dias eu conto o fim da espera
numa carreira de palitos de fósforos.
Ah, dias... há dias sem se meter nos prazeres da noite.
Sem me meterem ô puto! Ah...Há dias...

Desaprendi de me fazer de interessante.
Desaprendi de sonhar de barriga cheia.
Desaprendi para aprender de novo...
a Cecília Meireles diz bem isso,
claro que não com essas palavras!

Como em uma cadeia alimentar
e sofro com a possibidade de ser devorada.
Foda-se! Se eu gritar de voz abafada ao travesseiro.
Não dizem que é bom consultá-lo às vezes?

Já fiz castelo de areia e o mar derrubou.
Um mar absoluto e cheio de si.
Não fui possuída pela força traiçoeira das ondas.
Mas desejei que elas repuxassem minha carne...
até me sentir estar viva.

Não fui sempre aquela que ganhou
todas as apostas do mundo
nem todas as rifas. Também não sou a primeira da fila a passar...
Sou aquela que come pelas beiradas, igual se come mingau.
Filha de uma mãe que sai pra trabalhar e assume a dupla jornada.

Com o tempo, a gente aceita: o não, o talvez e o quem sabe
Pra poder ouvir ainda: o sim, o exato, o perfeito.
Desaprendi para aprender de novo.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Vou pichar em todas as esquinas, os Nomes dos meus amores impossíveis. E eles vão passar...sem saber que os dedico versos despretenciosos. Mancharei muros pelos amores que sofri, posto em meu ato mais vândalo de ser. Na calada da noite, ninguém há de descobrir o que se foi premeditado, do meu agir mais secreto. Ao me ler, vão me ver com belos olhos. Me beijar a boca e me despir, comiserados pela dor do amor que não existiu...e eu poeta de uma trova só, ficarei ao pé da lua a entregar esta cantiga, as estrelas que eu puder alcançar. Só pra no mundo não ser mais esquecida.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Dor não tem título.


Estou aprendendo a me superar. Assim como uma criança que dá seus primeiros passos...Tem dias que caio no chão, me machuco feio. Tem dias que me equilibro, e dou um passo novo. Não! eu não queria sangrar nestas linhas, é inevitável.O que mais me espanta é ver a festa rolar, as pessoas, dançarem, beberem, comer e rir. Enquanto lá no fundo da pista, lá no escuro, um alguém só, derrama lágrimas...São lágrimas silenciosas demais para que todos percebam. São tão insignificantes essas lágrimas, que pessoas vivem, e são felizes às custas delas. Já imaginou? Pessoas vivem felizes às custas das lágrimas de um só. Eu não sabia. É. Já não se faz mais gente como antigamente.O que importa para o mundo isso? Cada um vive a sua vida. Tem o seu trabalho, a sua rotina, e se assim pensa no outro, deve ser para seu benefício próprio. Eu nem sabia que umas lágrimas custavam tanto, sangrar nas linhas escritas, não merece atenção! E depois de escrever, o que importa mesmo é que as lágrimas se secaram.

quinta-feira, 8 de abril de 2010


Mar revolto em meu ser...
Enleio, liame de um fio ata minha esperança.

Espera.

A especulação do mundo me cerca, me abate.
Estou grávida de sonhos que insistem em nascer.

Creio.

E não há parto sem dor.
A travessia é uma via de mão única.

Fé.

Fito os meus olhos na certeza da realização
das coisas que não se vê.

domingo, 4 de abril de 2010












Não teimo em forçar à escrita, ela me vem como anúncio
Borboletas saem do casulo do mais íntimo ao fundamental
Viva impressão em efeito epifania.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Inimigo inconveniente da alma


Em um mundo distante...sentado, braços apoiados entre as pernas, fazendo a breve viagem infinita. Não é preciso maconha, nem chá de cogumelo, nem cocaína. Nem a bebida mais forte que corta a garganta para enrubescer os lábios.
A viagem, é o encontro do eu com o eu...e não é preciso entender. É regresso, é presente, é o esperar...E não é nada transcendental. Nem é meditação, nem papo esotérico, tampouco espiritual.
A viagem é minha. Eu não tenho religião, mas converso com Deus. Faço orações, leio o livro sagrado, apesar de não conseguir seguí-lo nem 70% rs. Sem culpas! Também, não estou orando nesse momento. O encontro não é com Deus, nem com meios de alucinações. Já disse, o encontro é comigo. Alguma vez já marcou esse tipo de encontro com o eu?
Certa vez relatei aqui que sai na porrada comigo mesmo e não houve comentários no blog. Dessa vez, não tem porrada! Ahn...o encontro que marquei comigo mesmo foi só para contar que cruzei com o meu maior inimigo.
Inevitavelmente, o 'sujo' me tocou no ombro para poder me cumprimentar. Sim, eu beijei a face do inimigo, quando na verdade, queria cuspir na sua cara, dar aquela escarrada bem nojenta! Era o que ele merecia. No entanto, os rigores da boa educação me bloquearam e fiquei sem me pronunciar enquanto o 'impostor' me seguia.
Eu apertava o passo ofegante e ele a emendar assuntos banais dissimulando verdades que não existiam. Monossilabicamente, eu respondia.
O 'perseguidor', tomou o meu caminho, subiu no elevador e parou no mesmo andar. Imaginei que poderia ter dito a ele: Não se envergonha de falar comigo? Vai para o inferno, cretino!
E se existisse chá de sumiço, eu o tomaria num gole só. Diante do 'inconveniente', eu queria abrir o chão e enterrar minha cabeça até que saísse de minha presença.
Antes de cruzar o corredor, ele acenou Até! Com uma risadinha no canto da boca. Adeus! Eu disse, aguardando que sumisse do outro lado do corredor.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010


Piegas.


Faça seu julgamento
Dê sua sentença
fique armado até os dentes
como sempre preferiu!
Ainda sim, a coragem
lhe falta para atirar
a primeira pedra.
A primeira pedra?
Não é aquela
que parou no meio
do caminho.
Com minha ajuda
soube remover
suas pedras
e aproveitar o caminho
que o conduzi.
Passaste pelo caminho,
já não há mais como voltar.
Ateou fogo com suas próprias mãos
jogando suas bingas de cigarro.
Fumaste todas cartelas possíveis,
mesmo sabendo
que aquele cheiro ia me incomodar.
Eu respirei o ar de suas camisas
empregnadas de perfume
para tapiar, respirei.
Pensei que a náusea
iria passar...
e o cheiro ainda me incomoda.
Segui o outro caminho
aquele de antes:
o breu das noites solitárias
o brejo, o coaxar dos sapos...
Respirei, o cheiro dos livros
guardados.
Permiti que as traças roessem
minhas pequenas lembranças.
Cenas de um filme
se passou.
Entre o farol e as buzinas
do carro
o olhar se perdeu.
17/02/2010 (início) 06/03/2010 (término).

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010


Quadrilha

(Em homenagem ao autor Carlos Drummond de Andrade)


Era festa junina

ela não tinha par

para quadrilha.


Entraram na roda

Dançaram a três:

ela, a amiga

e o namorado

da amiga.


Mudou a música

Mudou a trilha

Entraram na roda

Dançaram a três:

ela, a amiga

e o ex-da amiga.


Mudou a música

Mudou a trilha

Entraram na roda

Dançaram a três:

ela com o ex-da amiga

e a amiga.


Mudou a música

Mudou a trilha

Entraram na roda

Dançaram a três:

ela com o ex-da amiga

e a ex-amiga.



A festa acabou.

A música parou.

A trilha mudou

A roda se desfez.

Dançou: ela,

o ex-dela e da amiga

e mais a ex-amiga.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010


Não veja a vida pelo retrovisor.

26/06/2002

Dedico à Isabela Brito.