sábado, 27 de outubro de 2012

Eu sinto um agora como se um sino badalasse em meus ouvidos.
Eu escrevo uma marca de folha, um breve aceno ao futuro.
Eu vou voar meus pensamentos e chamar sua atenção dizendo... ei, não esqueças de mim! Quero sonhar com olhos do que ainda não aconteceu e vê... quero ver aquilo que se aproxima mas que seja um firme acontecimento, uma prova de que sei acreditar. Muitos conhecem essa definição como fé, a certeza do que não se vê ocorrer...Não sei bem como tocar na realização, mas posso sentir sua proximidade...persigo um sonho. Não é um sonho disforme daqueles que temos e acordamos sem lembranças, ele não se oculta e pulsa lá dentro a ponto de existir.
Confesso que em tese não sei ser otimista assídua  de palavras, em verdade, isto é exercício de vida. Fechei meus olhos para ter o reencontro dos sonhos...vi um campo aberto, uma relva um tanto alta cercada de flores...andei com o sol na cabeça e a brisa desalinhante dos cabelos...eu fui ao encontro dessa criança que fugia de dentro de mim...ah...eu corri atrás dela mas ela voou escapando-me das mãos...Corri em sua direção e quando vi, voava ao seu lado...
A quanto tempo não voava comigo...há tempo em se fazer e eu desacreditei.
Sei que o campo é tão extenso e o caminhar cansa, nos desgasta. Sei também que se não enchermos um balão de sonhos, não haverá graça. Um balão de gás pode escapulir das mãos, pode estourar e...posso perder minha energia tentando alcançá-lo...mas um balão de sonhos... somos nós que enchemos e damos a sua forma sem deixá-lo escapulir de nós...ainda que tenhamos um voar e um encontro com a criança perdida do céu...
Sinto o agora e o último badalo do sino.
Sinto o chamado de ser e o  não desistir...

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Meu banco, meu tempo e minha vida.


Acomodei-me aos intervalos que tenho, sentada no banquinho da esquina. As pessoas que passam, pensam que sou algum cliente da sorveteria. Ainda que me passe por um, sou apenas mero observador.
Vejo passantes apressados, madames com seus cachorrinhos presos às coleiras, banhistas que correm em direção à praia...E eu?  Inerte... tão distante o quanto!
 Estou me fazendo entender, o que há dentro de mim...e o externo como adereço da alma, envolve por instantes... Aí, vem a sensação de querer meu tempo nas mãos...
Disperso ao que se apresenta aos meus olhos, assim mesmo, me deparo com gente...
Quero tomar o sorvete dos outros e as conversas paralelas me chegam aos ouvidos em forma de murmúrios...intropectivamente, estou dentro e fora dos assuntos alheios... E o meu tempo...me escapou? Eu. Meu tempo empinotizado...nas coisas da vida. Na verdade, estou sentada no banquinho como alguém que espera. Se eu espero alguém? Não. Eu espero o tempo da vida.
Esperar o tempo da vida, pode parecer loucura, mas não é. Isto está somado às realizações.
Vejo um túnel se abrindo ante a mim quando penso nisso...Se existe uma passagem por este túnel? A resposta é sim. O que chega até a mim, passa pelo tempo da vida, o túnel largo com atalhos rápidos ou caminhos longos a serem percorridos. O  seu percurso, é uma escolha.
Lembro-me do tempo da vida que levei para conhecer o amor.
Às vezes, algo parecido com o amor, passava por mim e não ficava.
Contudo, imagino que meu interesse maior, é saber esperar. Acredito que não aprendemos a melhor artimanha para lidar com a espera, aguardamos e pronto! Até receber o que desejamos.
Estou sentada no banquinho... pensando: os que passam tem seus objetivos de chegada, de volta e partida.
O tempo me pedi para ser madura, como se não houvesse farpas...
O banco que se tornou meu, o tempo que é da vida me importa... vivo a cada espera dos dias [...

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Minha visão de longe...



Precisei ficar de longe para ver o quanto temi que a escrita fosse dissolvida, dissipada no caminho da vida. Logo, eu...essa pessoa movida às emoções. Nos meus instantes...foge de mim aquele meu velho sonho de menina, viver de poesia...uma pena que voa lentamente até chegar ao seu destino.
Não sei se dormi um sono profundo, de estagnação ou se os desencontros me enfadaram...Tudo que sei é que... já a algum tempo, parei de tocar minha flauta melodiosa dentro desse quadro digital.
Ando me esquivando da arte? Ou a arte tirou férias de mim?
Sinto-me adormecida como aquelas plantinhas dormideiras, que só de encostar fecham.
Sim, reconheço que fechei minhas gavetas d'alma por um período de reflexão. Um minuto de silêncio talvez, igual nas partidas de futebol quando morre uma sumidade esportiva. Sei que o jogo continua para mim, o tempo e a escrita confrontam.
O desengavetados ainda existe, mas é que tenho demorado a abrir minhas gavetas. Existe um momento da alma fechada e por que não? Acredito que os que se escrevem ou intentam umas palavras sabem do que estou falando...a expressão resguardada. Meu tempo interno se estende... de amor, de leituras, de sol que volta a brilhar, até no inverno. Quem sabe se não é essa a fonte que tenho que beber e me banhar para o retomar da escrita.
Não faz tanto tempo assim, recebi uma queixa de um leitor.."Ei, Andréa! Cadê a sua frequência aqui? Foi como se tivessem colocado uma arma na minha cara. Sinto pela espera, meu caro. Em contrapartida, queria que soubesse que, a espera também mora em mim.
Tenho que confessar uma coisa: o questionamento do que sou, tem me apontado. Então, passei a refletir se sou mesmo uma fraude, se escrevo ou faço divagações...É certo que já houve um tempo em que me sentia escritora, embora meu anonimato falasse mais alto no canto do ouvido.
Eu também pensei que fosse violonista, acho que sou. Mas sou daquelas que, às vezes sente o acorde pela metade, porque o dedo não quis suportar o alcance devido.
Alcance devido. Quem nunca sentiu o alcance devido demorar? Este pode custar anos...É um alcance de ouvido também. Uma espera  longa. Tão longa quanto um tempo de retorno, o se escrever de volta.
Requer uns pensamentos.
Acertar o compasso, me fez retornar, essa é a minha justificativa. Não tão convincente mas honesta com alguns leitores que me restaram.
Acreditem, por acaso senti que a visão de longe me ensinaria. 
Temos tanto a aprender, quero me permitir.

Andréa de Azevedo, escreve com saudades...

segunda-feira, 12 de março de 2012

Continho de amor

Ouvindo George Michael "One more try".

Ele a tocou como se fosse a última vez. O corpo dela, respondeu assim como dissesse: devagar, meu bem... como quem toca um botão de uma flor colhida no campo.

Ele beija-flor, destilou o mel de seus seios... e a imagem dela era de olhos que se perdiam, no fundo dos olhos dele...seu corpo compactuava, sua alma entregue em forma de juramento. Pronta a recebê-lo, repetia entre carícias, tão baixinho: o eu te amo...
E fizeram amor como se fosse a última vez...
Eram cigarras ecoando o último canto após o ato.
Quando enfim se foi... uma noite para dar lugar ao dia:
ele a deixou entre lençóis,
dormiu seu sono profundo e partiu.