sábado, 31 de julho de 2010


Eu queria sim, poder matar meus fantasmas um a um.

Mas, eles ressurgem das sombras, puxam meus pés

quando apago a luz e faço da minha alma o escuro.


Eu queria sim, não confundir aquele perfume

entre tantos outros.

Vinho sorvido em goles amargos

me apego naqueles olhos tristes de menino

sem poder enxergar o modo traiçoeiro

que se esconde lá no fundo.


Meu sonho era ser inatingível.

Vestir uma armadura pesada, pra se fazer de forte.

Criar escudos para me defender do desatino,

que por dever, devo eu enterrar.

Me arrasto pra perto de cada indício que te traz...

É como uma droga, uma dependência barata ...

te fazer como algo intocável.


Voltar a fita por muitas vezes naquele beijo ...

parar o tempo em intimidades profundas,

pra depois cair a ficha que nada disso te teve

a menor importância.

Tombo mais alto esse...

te vê acenando como se embarcasse numa viagem sem volta.


Porque eu era a saída e não a solução. A medida paliativa

da terceira pessoa.


Perder o que mais prezava...perdi.

Daqui segue um olhar distante e assiste ao

descompasso de seu caminho.

sábado, 24 de julho de 2010

Essa é pra refletir...

O que vou dizer, não é texto ficcional. Embora, meu leitor esteja tão acostumado com a minha produção artística voltada para as narrativas ficcionais e poesias.
Nesse momento, meu olhar é outro. Meu olhar é marcado.
Fazer a piada e rir. Fazer a piada e rirem de você parece ser inofensivo, até certo ponto. Pior é carregar a piada, ser a piada sem graça por tantos anos. Não estar livre dos comentários das pessoas (família, amigos e conhecidos), fingir que aceita e encarar tudo levando na esportiva, é a medida mais educada. O problema não é esse, o problema é que se passar para o lado da ofensa, terá graça para todo mundo, mas pra você não.
É fácil rir do gordo, do baixo, do mais alto, do negro, do traveco, do manco, do altista, do anão, do mutilado. Mas não é fácil ser todos eles numa sociedade que julga e humilha suas condições, suas características físicas. Volto a dizer, não é fácil vestir essa pele. Isso é dar uma topada, é ser o próprio judas malhado no poste, é ter a cara a tapa. É frustrante ouvir daqueles que você mais ama, um enxovalho, uma palavra torpe, sentir que sua auto estima vai lá no chão sem poder fazer nada pra consertar.Ah...muita gente diz tantas coisas sem pensar e nem imaginam o quanto ofendem, o quanto isso pesa.
Semancol não existe, claro, não estão no seu lugar. Atiram e não são feridos. Sei que ninguém pensa nisso, somente quando se é atingido. É como uma dor de dente. Se sente eventualmente, ela é uma dor profunda, porém, fingimos esquecê-la. Tem um preço caro, pra se livrar dela.
Eu não escrevi isso como uma moral, nem fazendo apelos pra que as coisas mudem. Foi um furtivo desabafo.
Enfim, essa é só pra refletir.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Se dizias eu te amo


era de coração na boca,


muito engolia vento de orgulho.




Vestido decotado

trazia umas pernas desnudas.


Pavio acesso

Rodava sua baiana

se fosse preciso.


Ah...se o corpo fervia

comê-la por vezes...de frente,

em pé e de quatro.


Corria nas veias

um sangue latino, erotizado.


Marcava desenhos na pele de amante

com unhas, com dentes

vestígios de boa cama.


Saciação.


E se ainda te lembras,

silencias.

Em luz apagada,

se queda nua:

a cama espaçada,

a sombra de corpo,

encolhida do escuro.