Acomodei-me aos intervalos que tenho, sentada no banquinho da esquina. As pessoas que passam, pensam que sou algum cliente da sorveteria. Ainda que me passe por um, sou apenas mero observador.
Vejo passantes apressados, madames com seus cachorrinhos presos às coleiras, banhistas que correm em direção à praia...E eu? Inerte... tão distante o quanto!
Estou me fazendo entender, o que há dentro de mim...e o externo como adereço da alma, envolve por instantes... Aí, vem a sensação de querer meu tempo nas mãos...
Disperso ao que se apresenta aos meus olhos, assim mesmo, me deparo com gente...
Quero tomar o sorvete dos outros e as conversas paralelas me chegam aos ouvidos em forma de murmúrios...intropectivamente, estou dentro e fora dos assuntos alheios... E o meu tempo...me escapou? Eu. Meu tempo empinotizado...nas coisas da vida. Na verdade, estou sentada no banquinho como alguém que espera. Se eu espero alguém? Não. Eu espero o tempo da vida.
Esperar o tempo da vida, pode parecer loucura, mas não é. Isto está somado às realizações.
Vejo um túnel se abrindo ante a mim quando penso nisso...Se existe uma passagem por este túnel? A resposta é sim. O que chega até a mim, passa pelo tempo da vida, o túnel largo com atalhos rápidos ou caminhos longos a serem percorridos. O seu percurso, é uma escolha.
Lembro-me do tempo da vida que levei para conhecer o amor.
Às vezes, algo parecido com o amor, passava por mim e não ficava.
Contudo, imagino que meu interesse maior, é saber esperar. Acredito que não aprendemos a melhor artimanha para lidar com a espera, aguardamos e pronto! Até receber o que desejamos.
Estou sentada no banquinho... pensando: os que passam tem seus objetivos de chegada, de volta e partida.
O tempo me pedi para ser madura, como se não houvesse farpas...
O banco que se tornou meu, o tempo que é da vida me importa... vivo a cada espera dos dias [...