Ultimamente tenho sido induzida a prática do desapego. Esse desapego, é um moleque teimoso que anda batendo a minha porta com freqüência. Como não dizer que esse moleque é das antigas, pois com o passar dos anos, ele cresce e toma proporções maiores não previstas por mim. Desde o parto da minha mãe que pariu, tenho que partir para novas situações. Mas ainda estou aprendendo com a partida, ela é uma partilha que me parte ao meio.Parte meu pai de casa e vai formar outra família. Parte o meu irmão de casa mais chegado. Já não sou mais apegada a amiga da infância, ela partiu de mala e cuia para 'morar bem' em Niterói. Faço então um par de coisas e desfaço. Desfaço da minha coleção de objetos, os que já se quebraram. Já não sou mais apegada aos meus discos e a minha vitrola já não tem mais agulha. Baixo músicas na Internet e depois deleto. Eu me desapego sem sentir quando é primitivo, mas depois vem a falta. Nesse caminho caminham entes queridos que se foram, levo o meu pensamento a estes antes de dormir, faço uma prece. Desapego, mas não esqueço! Passo por lugares que não queria passar, queria eu ficar. Mas o desapego é um moleque teimoso que me dita suas regras do tempo, o tempo todo. Já não sou mais apegada a timidez, dela me despedi. Minha face não cora mais quando tiro a roupa diante de um outro. Minha face não cora mais quando tenho que ficar diante de muitos, contudo, é preciso beber um gole, se despedir, sair à francesa. A vida é efêmera e a saudade, é coisa do humano. Fazemos pedidos na passagem do ano. Nos servimos das recordações. Dos bilhetes guardados, das conversas que jogamos fora e das imagens instantâneas de uma foto. Ou dos abraços que marcaram ‘o puta momento feliz.’ Guardamos e desapegamos, em movimento, em colisão, em auto-estrada: corredor conhecido que trilhamos, até desconhecermos, até apalparmos o transitório de uma outra vez.
A alma como uma gaveta: fechada ou aberta e casualmente vasculhada...
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Ao jovem Neto do Bira
Digo nas entrelinhas... deixo o corpo extenuante e a alma confessa de afetos.
Pode ser estupidez, mas não apanho rosas. Fui feita para recebê-las.
A falta de um sim, nua recortei:
o seu contorno
as suas feições.
Não me importa ensaiar com olhos falhados sobre a folha.
Descrevo em curto prazo, sem refutar as declarações que hesitei enviar.
Digo nas entrelinhas... deixo o corpo extenuante e a alma confessa de afetos.
Pode ser estupidez, mas não apanho rosas. Fui feita para recebê-las.
A falta de um sim, nua recortei:
o seu contorno
as suas feições.
Não me importa ensaiar com olhos falhados sobre a folha.
Descrevo em curto prazo, sem refutar as declarações que hesitei enviar.
Falso encanto
Esvaziar a alma ébria da melancolia
E deitar ao lado da lua,
o corpo de mulher nua
Vibrará das suas curvas a mais linda melodia.
Mesmo que tardia
venha a insípida rotina
e intrigue a consciência libertina.
E agora? Já é dia!
Mesmo que o romance seja um falso encanto
Nesse abismo, eu me lanço
e me arrisco tanto.
Estico as mãos e alcanço
Um dia eu paro
e no outro balanço.
Pintó
Surgió interés
Surgió indecisión
Reinó el miedo
de no ser acepta.
Pinté.
Como se pinta
los colores de un lindo dibujo.
Largué
Soňé
Perdí.
Entre tantos dibujos
Quedó olvidado.
Por Andréa de Azevedo
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