sábado, 24 de julho de 2010

Essa é pra refletir...

O que vou dizer, não é texto ficcional. Embora, meu leitor esteja tão acostumado com a minha produção artística voltada para as narrativas ficcionais e poesias.
Nesse momento, meu olhar é outro. Meu olhar é marcado.
Fazer a piada e rir. Fazer a piada e rirem de você parece ser inofensivo, até certo ponto. Pior é carregar a piada, ser a piada sem graça por tantos anos. Não estar livre dos comentários das pessoas (família, amigos e conhecidos), fingir que aceita e encarar tudo levando na esportiva, é a medida mais educada. O problema não é esse, o problema é que se passar para o lado da ofensa, terá graça para todo mundo, mas pra você não.
É fácil rir do gordo, do baixo, do mais alto, do negro, do traveco, do manco, do altista, do anão, do mutilado. Mas não é fácil ser todos eles numa sociedade que julga e humilha suas condições, suas características físicas. Volto a dizer, não é fácil vestir essa pele. Isso é dar uma topada, é ser o próprio judas malhado no poste, é ter a cara a tapa. É frustrante ouvir daqueles que você mais ama, um enxovalho, uma palavra torpe, sentir que sua auto estima vai lá no chão sem poder fazer nada pra consertar.Ah...muita gente diz tantas coisas sem pensar e nem imaginam o quanto ofendem, o quanto isso pesa.
Semancol não existe, claro, não estão no seu lugar. Atiram e não são feridos. Sei que ninguém pensa nisso, somente quando se é atingido. É como uma dor de dente. Se sente eventualmente, ela é uma dor profunda, porém, fingimos esquecê-la. Tem um preço caro, pra se livrar dela.
Eu não escrevi isso como uma moral, nem fazendo apelos pra que as coisas mudem. Foi um furtivo desabafo.
Enfim, essa é só pra refletir.

6 comentários:

Paulo Rogério disse...

Andrea, tem sido uma preocupação minha constante, principalmente na linguagem informal, não me fazer mais um agente desse mal social. Quando nos posicionamos como o objeto das chacotas, a sensação é extremamente desagradável. Um dano irreparável. É um mal propalado tanto letrados e iletrados, também subscrito pela mídia televisiva, etc... "misérias que se propagam por terra, mar e ar, e que também fomentam o espaço virtual..." Lembra-me que comentei certa feita no blog da Renata sobre uma fábula grega segundo a qual o homem transporta dois alforges no ombro: à frente, um com todos as suas qualidades, no ombro traseiro, outro com todos os seus defeitos, de modo que só enxerga os defeitos do vizinho...
Gosto da companhia de gente sensata, e, neste sentido, sou um privilegiado na blogosfera...

Anônimo disse...

certamente não vai mudar nada

Batom e poesias disse...

Faltou citar a "loira-burra".

Eu nem ligo para as piadas. Não entendo mesmo...
:D

Brincadeirinha.
Ótimo texto!

bj
Rossana

Desengavetados disse...

Paulo, escrevi esse texto bem indignada. Sei que não posso mudar o mundo sozinha. Mas aqui na blogosfera, só me resta ser mesmo sensata e compartilhar com vcs minha insatisfação por coisas desse tipo. Sou humana demais pra deixar isso passar assim sem ao menos dizer o que penso.

Valeu!!Abraços!

Desengavetados disse...

É Rossana, faltou citar a loira burra aqui tb e tantos outros...que carregam o estigma marcado pela sociedade.
Os incômodos aparecem que nem pedra no sapato a partir do momento em que o respeito é deixado de lado.
Não to aqui tomando defesa de A, B e C. Embora use esse espaço pra fazer com que os outros reflitam.
Bjos!

Unknown disse...

Ao ler o seu texto o telefone tocou.Atendi.
-A Dra Helena.
-Não tem ninguém aqui com esse nome, respondi.
Ela balbuciou mais alguma coisa e eu sem entender disse: Han? Ela deu um grito me chamando de surda...
E isso, foi as 7:00h da manhã.
Estamos num abismo.
bjs