sábado, 31 de julho de 2010


Eu queria sim, poder matar meus fantasmas um a um.

Mas, eles ressurgem das sombras, puxam meus pés

quando apago a luz e faço da minha alma o escuro.


Eu queria sim, não confundir aquele perfume

entre tantos outros.

Vinho sorvido em goles amargos

me apego naqueles olhos tristes de menino

sem poder enxergar o modo traiçoeiro

que se esconde lá no fundo.


Meu sonho era ser inatingível.

Vestir uma armadura pesada, pra se fazer de forte.

Criar escudos para me defender do desatino,

que por dever, devo eu enterrar.

Me arrasto pra perto de cada indício que te traz...

É como uma droga, uma dependência barata ...

te fazer como algo intocável.


Voltar a fita por muitas vezes naquele beijo ...

parar o tempo em intimidades profundas,

pra depois cair a ficha que nada disso te teve

a menor importância.

Tombo mais alto esse...

te vê acenando como se embarcasse numa viagem sem volta.


Porque eu era a saída e não a solução. A medida paliativa

da terceira pessoa.


Perder o que mais prezava...perdi.

Daqui segue um olhar distante e assiste ao

descompasso de seu caminho.

6 comentários:

Renata de Aragão Lopes disse...

Esse pretérito nos angustia...

Beijo doce de lira, querida!

Rhalyne disse...

Adoro os teus textos, esse, tá divino.
Beijo e sucesso (:

Paulo Rogério disse...

Andréa, que lindo poema este, que cadência! Forte isto: "apago a luz e faço da minha alma o escuro"!
Não há, de fato, fantasma tão medonho quanto o da indiferença!

meus instantes e momentos disse...

lindo esse teu jeito bonito de escrever...
Gosto daqui.
Maurizio

Desengavetados disse...

Grata pelos comentários de vcs...fui convidada para recitar em setembro, no espaço Sesc São Gonçalo Rio de janeiro (Evento: Uma Noite na Taverna) e essa e outras poesias escritas no ano de 2010 estarão no repertório. Vcs são meu convidados!
Se puderem aparecer, vou me sentir honrada em conhecê-los pessoalmente...abraços!
Andréa

Anna Araujo disse...

Andréa, quer dizer que estará na Taverna de setembro? Que maravilha!!

Sim, postei o que tinha que declarar, mas te confesso que nem vejo como coragem não. É uma questão de fase, de credibilidade pessoal, o advogado precisa acreditar no seu cliente para defende-lo, a relação é quase essa!!

Muito boa a sua visita ao Mundo, volte sempre!! rsrs
Bjão