quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010


Piegas.


Faça seu julgamento
Dê sua sentença
fique armado até os dentes
como sempre preferiu!
Ainda sim, a coragem
lhe falta para atirar
a primeira pedra.
A primeira pedra?
Não é aquela
que parou no meio
do caminho.
Com minha ajuda
soube remover
suas pedras
e aproveitar o caminho
que o conduzi.
Passaste pelo caminho,
já não há mais como voltar.
Ateou fogo com suas próprias mãos
jogando suas bingas de cigarro.
Fumaste todas cartelas possíveis,
mesmo sabendo
que aquele cheiro ia me incomodar.
Eu respirei o ar de suas camisas
empregnadas de perfume
para tapiar, respirei.
Pensei que a náusea
iria passar...
e o cheiro ainda me incomoda.
Segui o outro caminho
aquele de antes:
o breu das noites solitárias
o brejo, o coaxar dos sapos...
Respirei, o cheiro dos livros
guardados.
Permiti que as traças roessem
minhas pequenas lembranças.
Cenas de um filme
se passou.
Entre o farol e as buzinas
do carro
o olhar se perdeu.
17/02/2010 (início) 06/03/2010 (término).

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010


Quadrilha

(Em homenagem ao autor Carlos Drummond de Andrade)


Era festa junina

ela não tinha par

para quadrilha.


Entraram na roda

Dançaram a três:

ela, a amiga

e o namorado

da amiga.


Mudou a música

Mudou a trilha

Entraram na roda

Dançaram a três:

ela, a amiga

e o ex-da amiga.


Mudou a música

Mudou a trilha

Entraram na roda

Dançaram a três:

ela com o ex-da amiga

e a amiga.


Mudou a música

Mudou a trilha

Entraram na roda

Dançaram a três:

ela com o ex-da amiga

e a ex-amiga.



A festa acabou.

A música parou.

A trilha mudou

A roda se desfez.

Dançou: ela,

o ex-dela e da amiga

e mais a ex-amiga.