quinta-feira, 13 de maio de 2010


Tão vazia quanto um saco flutuante com o vento a dançar pelas calçadas...

Não fui fazer a catarse como de costume.
Não fui ler Pessoa pra me confortar.
Não tomei chá pra dormir, nem calmante pra apagar.

Há dias estou presa em mim
e não me faço comunicar.
Há dias eu conto o fim da espera
numa carreira de palitos de fósforos.
Ah, dias... há dias sem se meter nos prazeres da noite.
Sem me meterem ô puto! Ah...Há dias...

Desaprendi de me fazer de interessante.
Desaprendi de sonhar de barriga cheia.
Desaprendi para aprender de novo...
a Cecília Meireles diz bem isso,
claro que não com essas palavras!

Como em uma cadeia alimentar
e sofro com a possibidade de ser devorada.
Foda-se! Se eu gritar de voz abafada ao travesseiro.
Não dizem que é bom consultá-lo às vezes?

Já fiz castelo de areia e o mar derrubou.
Um mar absoluto e cheio de si.
Não fui possuída pela força traiçoeira das ondas.
Mas desejei que elas repuxassem minha carne...
até me sentir estar viva.

Não fui sempre aquela que ganhou
todas as apostas do mundo
nem todas as rifas. Também não sou a primeira da fila a passar...
Sou aquela que come pelas beiradas, igual se come mingau.
Filha de uma mãe que sai pra trabalhar e assume a dupla jornada.

Com o tempo, a gente aceita: o não, o talvez e o quem sabe
Pra poder ouvir ainda: o sim, o exato, o perfeito.
Desaprendi para aprender de novo.

13 comentários:

Fabiano Silmes disse...

Uma porrada bem na cara da caretice...Andrea você realmente escreve com a fúria de quem sente...

Abraços,Carpe Diem!!

Paulo Rogério disse...

Há tua beleza, tua luz própria até no desencanto que sangra nessas linhas!
Pois é, quando lutamos, faz-se extremamente dolorosa uma resposta abaixo do pódio. Os critérios dos julgadores diferem do daqueles que dão a cara a tapa.
Ao fim, na poesia o maior lenitivo. Felizmente!
Beijos!
(ps.: gostei do blog indicado. Também não deixa de ser temático... Rsss.!)

Renata de Aragão Lopes disse...

"Com o tempo, a gente aceita:
o não, o talvez e o quem sabe.
Pra poder ouvir ainda:
o sim, o exato, o perfeito.
Desaprendi para aprender de novo."

Que lindo desfecho, Andréa!

Incluirei seu espaço
entre minhas "delícias alheias".
Assim, certamente,
virei aqui mais vezes! : )

Beijo,
doce de lira

Anna Araujo disse...

Com o tempo a gente aceita... É bom, desaprender pra aprender de novo. A evolução, a mudança, a revolução...
Mas confesso que ainda me parece tentador botar fogo em tudo e ir ser eu em outro lugar... Quando isso acontece!!

Gostei muito das coisas por aqui ;)

Bjão

Vitória de Melo Bispo disse...

Ô, Andréa, que lindo! As vezes quando a gente desaprende algo é bem melhor, porque, aí, da outra vez a gente aprende duas vezes melhor.

Você fez um comentário que me chamou atenção: "quem é esse babaca que te põe pra baixo?". hahahahah
Não tem babaca nenhum, Andréa. É tudo invenção dessa minha cabeça que não pára. Na maioria desses textos, invento personagens. Mas acho que meu subconsciente é tão sofrido que boa parte deles sai assim... um gosto de tristeza profunda, outras vezes redenção e bravura. E a gente precisa mesmo inventar persongans para sobreviver.
Portanto, fique tranquila, viu? Eu só só mais uma "inventadora de histórias". O que eu digo não se escreve.
Obrigada pela preocupação!
E fique bem, viu? Saiba sempre tirar proveito do incômodo. Faça da dor, cócegas!

Beijos

Batom e poesias disse...

Eu sou a mãe que sai para trabalhar e mal assume a jornada tripla.

De resto, gostaria de ter escrito esse texto.

bjca
Rossana

Desengavetados disse...

Fabí, adorei sua volta aqui, já estava com saudades...

Paulo, meu mais fiel leitor, obrigada pelo carinho!

Renata, Anna, Vitória e Rossana, vcs são sempre bem-vindas aqui!
Adorei ter conseguido fazer um link com vcs. Acho que temos muito em comum.

Beijos a todos e voltem sempre!

Andréa.

Desengavetados disse...

Rossana.

Pode reescrever o texto, sinta-se a vontade...e se assim o fizer, me convide pra ler.

Beijos!

Andréa.

•••GusTØ VIBE••• disse...

Ola Andréa!

Andei sumido sim...
O trabalho puxou um pouco do tempo que tinha.,.,

Desa... Aprendendo do final ao inicio,
como em um castelo de areia tudo se transformou com a brisa e a força das ondas do mar.
como em um castelo de areia e concreto, o absoluto nos transforma, de tal forma que desejamos estar sobre as águas que derrubou aquele primeiro castelinho.

“Com o tempo, a gente aceita: o não, o talvez e o quem sabe
Pra poder ouvir ainda: o sim, o exato, o perfeito.
Desaprendi para aprender de novo.”

Desa... Aprendendo do inicio ao final do texto.

Adorei!!!
Forte abraço...

Mensageiro Obscuro disse...

Texto interessante, é bem pessoal e profundo, fica até difícil para comentar, pois certos sentimentos expressos nessa prosa poética são complexas de detalhar pelas minhas percepções.

É interessante conhecer uma pessoa com essa introversão, isso é muito positivo se bem focado para um caminho de evolução personológica.

Rhalyne disse...

"Foda-se! Se eu gritar de voz abafada ao travesseiro.
Não dizem que é bom consultá-lo às vezes?
Já fiz castelo de areia e o mar derrubou."

Achei lindo teu texto, muito mesmo. Sucesso sempre. beijo

Desengavetados disse...

Gusto, não somi!

Mensageiro Obscuro, por acha que estou falando de mim? rs "O poeta é um fingidor" Já dizia o poeta rs.

Rhalyne e Marcia
sejam bem-vindas
ao Desengavetados!

Bjos!

Andréa.

Mensageiro Obscuro disse...

Fernando Pessoa dizia "o poeta é um fingidor", isso faz sentido... eu lírico é algo mutável, tem vezes que quando escrevo não sou eu mesmo, assumo personagens, mas geralmente sou eu na maior parte do tempo.