sexta-feira, 27 de maio de 2011

Uma nota

Faz tanto tempo
que não dou uma nota.
Faz tanto tempo que... o tempo,
se encarregou de dizer sozinho.

Faz tanto tempo...
Meu sorriso a meio boca
     e as palavras como ondas
em bruta ressaca...
    e as palavras como ondas
em brandos afetos...
ah...elas pedem seus momentos.


Um aceno entre as vidraças...
De quando em quando,
se assistem os caminhos e por vezes,
passamos sem darmos conta.
Faz tempo que não dou uma nota.
Um cantar uníssono,
ando desafinando pela vida...
Se esperam de mim?

Pareço que não caibo nessa vida.
Pareço que não caibo no poema

Dá licença, Ferreira Gular!
Dá licença, Drummond de Andrade!
Estou cheia de tanta filosofia e dinheiro parco.

E pra não passar em branco é que eu dou essa nota,
nas margens de um livro que ainda não foi escrito.

4 comentários:

Lorde Wenceslau disse...

E todos nós temos uma nota como essa! Belo poema! E aí, anda sumida da taverna?!

Evoé!

Thiago Elloard disse...

"...Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói..."

Por meio dos versos de Caetano, deixo aqui esta nota.

inté...

Anna Araujo disse...

É, faz tanto tempo...
Faz tempo que não declaro nada, ultimamente tenho preferido as entrelinhas, são mais discretas e menos crueis...
Andréa, saudades de você também!!
Bjão

Paulo Rogério disse...

Andréa, a poesia é um tanto cruel com a juventude. Seduz-nos, com toda nossa cumplicidade, e depois?
Um dia a gente acorda, e vê que há vida além da vidraça (o erro está na medida entre o tempo de sonhar e a hora de despertar).
E como exigir sobriedade quando a poesia, essa paixão aflora?
No mais, poesia é sina.
Bem, às vezes também preciso sumir para a vida real...
(Rsss) Beijos!