quinta-feira, 31 de julho de 2008

Olha o que o ócio provoca...

Não quero somente escrever poesias e contos aqui e ficar passando avaliações...
“Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser", já dizia Rodrigo S.M. ou melhor, Lispector em A hora da Estrela. Estou realmente cansada...não sei se é porque chega agosto, não aprendi a ter paciência, reclamar é grito na consumação do tempo. Meu itinerário habitual não tem dado conta das minhas ânsias.
A repetição monótona das mesmas coisas me fazem cavar úlceras que não tenho, ruminar problemas. Assuntos controversos ainda não satisfatoriamente respondidos me cercam. Deveria então colar na testa manuais de normas e procedimentos? Já fui acusada de ser tão sisuda, comigo mesmo tenho saído na porrada. Por isso, as idéias me vêem derrapantes e sem conexões.
Sou um ser desencaixado na vida!? Minha crise é particular. Com direito a espelho quebrado e copos lançados à parede. Um ser em crise, se esfaqueando aos poucos no estado de incertezas. Não me pergunto, quem eu sou? Mas é como se martelasse na cabeça a eventual pergunta.
Me mortificar? Dá licença que tenho minhas penitências, são minhocas vivas em terra adubada.
Sei revolver meu abismo que me separa da idéia otimista da vida. Quando comentam: deixa de ser pessimista. Respondo: Eu sou realista. Devo incomodar desastradamente e ao mesmo paralisar feito estátua de gelo petrificada. Olha o que o ócio provoca...


Andréa de Azevedo.

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