quarta-feira, 16 de setembro de 2009


Lata d' água na cabeça


Na estrada de chão No sol escaldante
As mulherem sobem As mulheres descem
Lata d' água na cabeça! Mãe do lado dizendo:

_Ande que tem mais lata pra pegá, menino divagá!

Seguem arrastando os passos Erguendo suas cambucas
Não tem bica Não tem ducha
Graças ao Bom Deus Tem água pra encher a lata
porque dia desses por ali...Tinha lata vazia.

7 comentários:

Fabiano Silmes disse...

Um texto seco que revela toda pressa que se tem para captar a vida ofertada...em gotas que serão extintas rapidamente sob o calor do Sol.Andréa acho que você conseguiu buscar na imagem toda a essêcia para o seu texto, de forma, que as duas coisas agora se confundem em uma só...

Beijos.(ofertados)

Desengavetados disse...

Acredite,o texto já existia. Mas estava inacabado aguardando alterações, reflexões futuras...essas imagens, ficaram tão claras pra mim depois de ter visto "Vidas secas"- o filme. Já havia lido o livro, mas o filme apela sempre mais para as imagens.
A ideia da foto na poesia foi fundamental!Sugeriu melhor a leitura.
Não costumo escrever muita poesia social, mas acabei provando mais uma vez meu estilo híbrido e adepto a outras propostas.
Senti uma necessidade de retratar.
Boas considerações a respeito, grata!

Paulo Rogério disse...

Andréa,perfeito o seu texto!
Vc. tem essa 'preguiça boa' em aparecer no blog,o que acaba sendo gratificante, pois sempre traz algo irretocável.O grande problema ou perigo da poesia social é que muitas vezes se confunde com eventuais bandeiras levantadas por seus autores,e a gente não sabe até que ponto é imprescindível ou prenúncio de um novo comício.
Já aquela feita descompromissadamente, como no seu caso, traz o ingrediente da universalidade e do belo. A emoção é conseqüência natural. Talvez por isto o legado de Vidas Secas. Bjos!
(furtados)

Unknown disse...

"Desarvorado de aflição vai preterido num sol ardente ou numa noite estrelada, fulcro Jó-sé na mesma estrada idolatrada salve ! Salve !
Vidas secas, palavas e imagens que circulam de Portinari, Di Cavalcante, de Aldemir... quantos mais irão de vir por esse círculo azul-Comte."

Belo texto realista, composição harmoniosa com verdade.
bjeijossssssss

Anônimo disse...

garota, te achei linda, de um narcisismo belo, e fiquei morrendo de vontade de ler o que voce escreve, mas agora não tenho tempo. me manda um comenterio qualquer para eu te achar depois.

Camila Gomes disse...

Gostei do texto! A imagem casou perfeitamente com ele, inclusive pela ausência de cor. O preto e branco, a secura na escrita e a pontuação colaboraram para a idéia de dureza. O social não deixou de estar embutido ali, mas acho que foi cautelosa. Parabéns!
Que orgulho dessa menina!rs

Mensageiro Obscuro disse...

Infelizmente muita gente vive em condições precárias, isso é culpa em boa parte dos políticos corruptos, das elites dominantes que exploram a fome e miséria e do povo omisso que não faz greves e protestos firmes para mudar o Brasil.